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29/02/2012

FÁBULA DOS PEIXES


Fábula dos Peixes

(Ao trabalhador braçal)

Alguns peixes conversavam
Lá no fundo da lagoa
Queriam subir na vida
Sem perder a vida boa

Um dizia que ‹‹trabalho
Não combina com nobreza
Pois um rei que move os braços
Não merece a realeza››

Nisso todos concordavam
Era fato bem sabido
‹‹Quando mais alguém trabalha
Menos é reconhecido››

E a conversa prosseguia
Sempre o mesmo a se tratar:
‹‹Como melhorar de vida
Mas sem ter que trabalhar››

Um falava sobre a lenda
De uma corda azul brilhante
‹‹Peixe que se agarra a ela
Vira nobre num instante››

Outro até dava certeza
‹‹Pois a corda é de verdade
Soube de um que se agarrou
E tornou-se majestade››

Foi então que um caranguejo
Foi aos peixes a falar
‹‹Todos que foram na corda
Não voltaram pra contar››

‹‹Mas assim que tem que ser››
Um dos peixes retrucou
‹‹Se também subir na vida
Nem morto eu volto onde estou››

Eis que surge a dita corda
Bem ali na reunião
Até que um peixe sugere
Decidir na votação

Assim foi que resolveram
Sem nenhum voto de não
Decidiram que a tal corda
Era mesmo a solução

E foi um seguido ao outro
Que subiram sim senhor
Mas enriqueceram mesmo
O sortudo pescador

E são tantos brasileiros
Que enriquecem sem trabalho
Encontrando igual destino
Porque vão no mesmo atalho

  

18/02/2012

FÁBULA DOS INSETOS


Fábula dos Insetos
E os insetos rodeavam
Davam voltas sem parar
No escuro não notavam
Que por mais voltas que davam
Não saiam do lugar
 
Quando “em frente!” alguém dizia
Todo mundo acompanhava
E dava fé no que ouvia
Mas a vida assim seguia
No escuro que reinava
Outro alguém profetizava
O fim para escravidão
Uma luz há de surgir
Todo aquele que seguir
Deus vai dar a salvação
Eis que surge a dita luz
Brilho forte! Um clarão!
Todo mundo se seduz
Bem a salvo ela conduz
Ao farol do caminhão

15/02/2012

Fábula das Borboletas

Fábulas das borboletas 
(Aos heróis e à santa vaidade) 
Ia a bela borboleta
Borboleta que era bela
Mais que toda borboleta
Borboleta igual a ela

E sonhava um lindo sonho
Mais que sonho, era missão
Para o mundo torto e feito
Ela tinha a salvação

Para tanto bastaria
A beleza revelar
Quando o homem reparasse
A maldade ia acabar 

Mas no meio do jardim
Ela voava esquecida
Porque todos quando olhavam
Viam a flor preferida

Entre tanta violeta
Tanta rosa e margarida
Ia triste a borboleta
Por não ser nem percebida
Invejava a andorinha
Mesmo sem ter formosuras
Olha o mundo lá de cima
Ela é vista das alturas
 
Foi assim que percebeu
O que tinha que fazer
Era só voar bem alto
E o mundo iria ver

Nunca é tarefa fácil
Negar toda natureza
Borboleta voa baixo
Porque é feita de leveza

Mas lá foi a nossa amiga
Consciente da missão
Eis que um vento lá de cima
A devolve para o chão

Não desiste segue em frente
A fazer tamanho intento
Mas de novo ela retorna
Ao menor sobro do vento

Tenta ainda novamente
Bate as asas sem parar
E no esforço desmedido
Enfim consegue avançar

Bate as asas mais um pouco
Vai mais uma… duas… três…
Quando surge a andorinha
E a engole de uma vez
Lá se foi a borboleta
Borboleta que era bela
Mais que toda borboleta
Borboleta igual a ela

Se te querem borboleta
Que seja! Mas quando fores
Só não vá te aventurar
Para além daquelas flores


DOIS PEDREIROS

Dois pedreiros

Dois pedreiros debatiam
Coisas sobre construção
Água e óleo, noite e dia
Entre os dois não haveria
Fim pra tanta discussão

Pois pra tudo que diziam
Um fazia objeção
Vinha o outro e retrucava
Com certeza que afirmava
A verdade da questão

Um dizia que na norma
De quem põem-se a construir
Tem que o certo só combina
Do debaixo para cima
Ou a casa há de cair

O outro não olhava a forma
Do modelo a seguir
Não há um que prevaleça
Até de ponta cabeça
A casa pode erigir

Como não havia jeito
De dar fim à confusão
Decidiram apostar
Ambos tinham que criar
Sua própria construção

Pois o trato estava feito:
Uma casa em perfeição!
E o povo irá votar
Sendo aquele que ganhar
O outro deve dar razão

O primeiro iniciou
Pôs as mãos a trabalhar
Alicerce bem armado
Chão, parede e o telhado
Só faltava retocar

Ele assim continuou
E ao final foi exclamar:
“Como havia combinado
Ficou tudo bem montado
Qualquer um pode morar

Só que bem ali do lado
O outro se foi na missão
Surpreendendo o adversário
Construiu tudo ao contrário
Telhado parede e chão

Depois de ter acabado
Pôs a casa no lugar
Em enorme euforia
A plateia aplaudia
Mas ninguém quis lá morar



11/02/2012

O PEIXE SERRA E A LULA DO MAR


O Peixe Serra e a Lula do Mar
  
Certa vez o peixe serra
Resolveu se proclamar
Rei de todo lado sul
Dessas águas deste mar

Antes disso precisava
De algum jeito se livrar
De uma certa lula esperta
Que impedia ele reinar

Tinha já tentado tudo
Mas em tudo ele falhava
Armou tantas armadilhas
Mas a lula lhe escapava

Todos os demais peixinhos
Que antes eram só ração
Também já se organizavam
Pelo fim da escravidão

Foi então que o peixe serra
Encontrou a solução
Foi direito no correio
E escreveu ao tubarão:

“Ó senhor dos oceanos
Magnânima excelência
Clamo para que aqui venha
E que tome providência

“Uma lula apareceu
Lá do fundo deste mar
Fez do mundo uma bagunça
Mudou tudo de lugar

“De tal sorte que isto vai
Que este mundo está invertido
É peixinho dando ordem
E peixe grande engolido”

E o tubarão enraivado
Respondeu ao peixe serra
Que queria a descrição
De tal lula como era

“É um ser feito de ganância”
Respondeu ao tubarão
“Antes passa por amigo
Depois fere a traição

“De um terrível mau feitio
Quando alguém o desacata
Num descuido ele avança
E onde acerta é certo mata

“Declarou-se o novo rei
Dessas águas deste mar
E trucida qualquer um
Que ousa o dedo levantar

“Da forma que eu descrevi
O senhor não vai errar
Eu só torço que o encontre
Antes dele lhe encontrar”

Decidido o tubarão
Por as coisas no lugar
Foi de Norte para Sul
Para a lula liquidar

E sedento pelo sangue
Corta o mar feito uma lança
De tal sede se sacia
Quando o ser descrito alcança

Quando viu a criatura
Tão igual a descrição
Não restou pingo de dúvida
E lá foi o o tubarão

E foi numa só dentada
Que pôs fim a toda guerra
Da mesquinha criatura
Sobrou mesmo… só a serra
Lula é que foi herói
Dessas águas deste mar
Transformado em grande rei
Mas que nunca quis reinar 




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